Carta Aberta a Deputada Federal Gleisi Hoffmann

Carta Aberta a Deputada Federal Gleisi Hoffmann
Não a regimes autocráticos!
A Sra. e o PT desejam elaborar planos para implantação no Brasil de um modelo político não democrático? O que sonha a Sra., fazer do PT um puxadinho da política chinesa no continente sul-americano? Como a Sra. imagina que os eleitores brasileiros, depois deste acordo, irão olhar os candidatos e mandatários do PT? Terão vida própria ou serão vistos como mandatários drone, teleguiados a partir da China?

Para a Deputada Federal Gleisi Hoffmann, Presidente do PT
Assunto: Acordo de Cooperação do PT com o Partido Comunista Chinês (PCC)

Como Presidente do Conselho do Movimento GRITA!, envio-lhe esta carta aberta, copiada a todos os Deputados Federais e Senadores.  Assim o faço para que a Sra. pondere uma vez mais sobre as consequências de cumprir um acordo firmado entre seu Partido, o PT no Brasil, e alguma autoridade no comando do Partido Comunista na China (PCC). Nós já tivemos uma experiência nefasta quando o PC do B fez acordo com o mesmo PCC na década de 70. Entendo serem novos os termos deste acordo, agora sob sua iniciativa e responsabilidade, enquanto Presidente do Partido dos Trabalhadores. Mas é preciso lembrá-la de uma história pouco edificante e que muitos políticos preferem esquecê-la. 
 
De pronto, a notícia da existência de tal acordo, causou-me uma incômoda perplexidade: como um Partido político no Brasil se manifesta disposto a formatar sua agenda contando com a ingerência de dirigentes de partido que opera numa potência estrangeira? E ainda, trata-se de potência que não pratica a democracia, pois o PCC atua como poder hegemônico na China. Na sequência, a perplexidade imediatamente cedeu lugar ao horror. Veio à memória o excepcional livro-documento da guerrilha no Araguaia, escrita pelo premiado pesquisador e professor da Universidade de Brasília, Hugo Studart. Tem um título intrigante, porém muito significativo quando se lê o livro: “Borboletas e Lobisomens”. Um livro baseado rigorosamente em documentos, cuidadosamente referenciados, e metodologicamente tratados pelo autor com o olhar atento dos pesquisadores sérios que sabem como abordar, fundamentar e narrar a História. Em seu texto não se encontram narrativas pré-formatadas por ideologias.
 
Nesta obra monumental, sobre um trágico episódio de nossa história contemporânea, acompanha-se o acordo feito pelo PC do B com dirigentes chineses para reproduzir no Brasil a Marcha de Mao Tsé-Tung, que exitosa, instalou o PCC no comando da China. Por conta do acordo PC do B / PCC, militantes do PC do B foram treinados na China para tentar no Brasil algo semelhante. No retorno, estes aliciaram jovens, em boa parte estudantes universitários nas grandes cidades, para iniciar uma Marcha Revolucionária visando a tomada do poder, a partir da selva amazônica. Alguns anos depois de iniciado este projeto, em 1975, a China restabeleceu relações diplomáticas com o Brasil, e, simplesmente parou de dar continuidade ao trabalho conjunto com o PC do B. Neste momento, todo o suporte logístico aos jovens recrutados (o que inclui alimentação e comunicações!) foi interrompido. Entregues à própria sorte, vagaram doentes pela floresta, famintos e com poucas informações que lhe chegavam pela rádio da Albânia. Na Albânia estava o único governo na época reconhecido como comunista pela cartilha política chinesa. A partir daí as cartas dos guerrilheiros vinham para o grupo dirigente em São Paulo, mas não tinham retorno.
 
Com a palavra Hugo Studart, o cronista desta tragédia, referindo-se ao PC do B, em suas considerações finais:
“Não houve qualquer virtude ou licitude nos atos da direção partidária, do começo ao fim. Foi de uma irresponsabilidade doentia seduzir um punhado de jovens idealistas e jogá-los em um ponto remoto do sul do Pará, sem planos, sem referências, sem armas, sem alimentos – somente com as ordens de “ou traz a bandeira da vitória, ou deixa os ossos por lá”. É óbvio que, desde o início, os dirigentes partidários sabiam que aqueles jovens estavam sendo enviados à morte. Alguns ainda eram estudantes secundaristas; outros tantos, sequer haviam completado a maioridade legal, 21 anos. Trata-se de uma mentalidade doentia acreditar que a imolação de seres humanos poderia construir uma nova vida política para o Brasil. Ademais, foi de uma covardia ímpar cortar as comunicações e as linhas de abastecimento.” (página 500 do livro mencionado).
 
Nunca se soube que a cúpula do PC do B tenha manifestado qualquer arrependimento público ou feito algum gesto de retratação pela sua subserviência aos planos de poder de um partido estrangeiro, o PCC. Ninguém na direção do PC do B deu qualquer sinal de arrependimento, nem naquela época e nem depois. Em 1985 a Sra. ainda muito jovem fez do PC do B seu primeiro partido. Talvez por conta desta filiação tenha algum registro de como o tema “Guerrilha do Araguaia” era tratado intramuros.

E é com este mesmo Partido Comunista Chinês que o PT sob sua Presidência procura amparo para seus planos operacionais e estratégicos de conquista do poder? E é consultando o PCC, organização sem escrúpulos no uso de seres humanos em seus devaneios de se tornar potência global, que o PT quer se inspirar para atuar no Brasil? A Sra. e o PT desejam elaborar planos para implantação no Brasil de um modelo político não democrático? O que sonha a Sra., fazer do PT um puxadinho da política chinesa no continente sul-americano? Como a Sra. imagina que os eleitores brasileiros, depois deste acordo, irão olhar os candidatos e mandatários do PT? Terão vida própria ou serão vistos como mandatários drone, teleguiados a partir da China?
 
E, finalmente, uma última questão: a Sra. também se calará perante alguma outra tragédia como o fez o PC do B com relação à “Guerrilha do Araguaia”?
 
Com a palavra a Sra. Deputada Gleisi Hoffmann, Presidente do PT.
 
Luiz Maria Esmanhoto
Presidente do Conselho do Movimento GRITA!
https://grita.net.br
 
Post-scriptum
O livro mencionado é um relato pungente do que acontece quando a violência se inclui no ideário e prática das organizações. Neste relato, em igual medida ao caso do PC do B surge um retrato desumano das forças de repressão aos guerrilheiros. Aqui também, a partir de um certo momento, a crueldade se instalou como prática regular. Num país onde “delação premiada” é método jurídico raríssimos agentes de ações criminosas optam por apresentarem-se publicamente como arrependidos.

O Movimento GRITA! repudia qualquer violência como método de solução de conflitos de interesse em nossa vida coletiva. Somos adeptos da democracia representativa e nosso propósito é atuar no seu aprimoramento através do voto.
 
Subscrevem também esta carta o Colegiado Executivo do Movimento GRITA!
 
Arnaldo Coutinho
Carlos Roberto Teixeira
Cassio Taniguchi
Eduardo Guy de Manuel
Jackson Vasconcelos
Manoel Affonso Loyola e Silva
Raul Del Fiol
Roberto Heinrich

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Luiz Maria Esmanhoto
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