Capítulo II
“Elementar, meu caro Watson!”
Em princípio, um orçamento de Governo não é conceitualmente diferente de um orçamento de empresas privadas. A regra maior é distinguir entre “custeio”, a manutenção do que já existe, e “investimento”, a parcela destinada para inovação e aumento de produtividade. De maneira geral, é apenas o custeio que toma conta da agenda da maioria dos deputados, senadores e, portanto, da mídia.
As mensagens aos eleitores agora invariavelmente começam com “vamos investir” (se for parlamentar da situação) ou “não teremos como investir” (caso seja oposição), seguidas de qualquer setor ou pauta predileta. Mas, “vamos investir” é força de expressão, eles querem dizer “vamos gastar”.
Quando se investe, pretende-se num futuro próximo produzir algo melhor do que aquilo que já se tem, porém, consumindo menos recursos. Entretanto, o Brasil tem sua produtividade estagnada há décadas. Logo, não existe predisposição política para “investir”. Segundo um estudo publicado pela “Fundação Getúlio Vargas”, olhando uma série histórica desde 1947, pode-se ver a insignificância atual dos investimentos do Governo como % do PIB. Atualmente seria da ordem de 2,53% do PIB.
Se existisse, de fato, interesse em melhorar as condições sociais e econômicas do país veríamos muitos debates sobre órgãos de fomento como o FINEP e similares. A maioria dos parlamentares nada dizem sobre tais agentes de mudança pois não distinguem “custo” de “investimento”. Mais preocupados com orçamentos secretos e ingerência no Executivo são eles que determinam a estagnação da produtividade, há décadas. Nada dizem sobre os agentes que existem no Brasil para construir o futuro.
– Sem investimentos, o futuro apenas repete o passado, comentou Dr. Watson
– Elementar, meu caro Watson! respondeu prontamente Sherlock Holmes.
